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sábado, 23 de outubro de 2010

A burocratização do ponto de vista das organizações libertárias.




Afinal, a sabedoria política não está em preservar intactos os princípios mediante o isolamento sectarista ou a inércia, mas em saber como preservá-los quando se precisa cooperar com companheiros que divergem ideológica e pragmaticamente de nós. Por Eduardo Tomazine Teixeira


Os companheiros do coletivo Passa Palavra presentearam os seus leitores, há algumas semanas, com o excelente artigo “Entre o fogo e a panela: movimentos sociais e burocratização”. Nele apontam a burocracia como o “inimigo interno” da classe trabalhadora, um dos responsáveis pela degenerescência dos partidos de esquerda e dos sindicatos, e uma ameaça aos movimentos sociais, tratando de analisar algumas das causas do processo de burocratização. Lendo-se o texto, nota-se claramente que a análise e as proposições defendidas pelos companheiros derivam da sua experiência em animarem, colaborarem com, e observarem os movimentos sociais em suas lutas concretas, o que diferencia esta análise de um certo tipo de reflexão sobre os movimentos sociais que pretende entendê-los (e instruí-los!) apenas de longe, baseados, principalmente, em um conhecimento de cátedra (ou em suas vulgatas), que dificilmente resiste aos exames da praxis.
No entanto, em que pese a minha concordância com as conclusões gerais as quais chegam os companheiros do Passa Palavra – a passividade das bases; a cristalização de militantes em funções de comando e de negociação com o aparelho do Estado; a secundarização dos mecanismos de autofinanciamento em primazia do financiamento externo; a constituição de “militantes liberados” e o fomento de uma espécie de concorrência no interior da base social do movimento para o acesso às conquistas materiais, destacados como elementos ativos da consolidação de uma burocracia, e a recuperação dos princípios de controle de delegados desenvolvidos pela Comuna de Paris, como formas de imunizar-se contra a burocratização – ficam patentes algumas tensões, as quais derivam, na minha opinião, da ênfase da análise sobre as organizações dos movimentos sociais hierarquizadas, as quais carregam em si os gérmens da burocracia.

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