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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Proudhon e a Economia Solidária

Texto enviado a lista de emails do GT Geografia e Anarquismo da CONEEG.

Economia Solidária é Revolução

""Capital"... no campo poltico é análogo a "governo"... A ideia econômica de capitalismo, as políticas de governo ou de autoridade, e a ideia teológica de igreja são tres ideais identicos, de várias formas, vinculados. Atacar uma delas é o equivalente a atacar todas elas... o que o capital faz ao trabalho, e o Estado à Liberdade, a Igreja faz com o espírito. Esta trindade do absolutismo é tão perniciosa na prática quanto o é na filosofia. O meio mais efetivo de oprimir os povos seria simultaneamente escravizar seu corpo, sua vontade e sua razão." Pierre Joseph Proudhon Confissões de um revolucionário, (Paris: Garnier, 1851), p. 271.

"Quem quer que seja que, para organizar o trabalho apela ao poder e ao capital, mentiu; porque a organização do trabalho deve ser a derrocada do capital e poder".
Pierre Joseph Proudhon
  in Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria, Tomo II (pág.322) 

Textos do campônes, proletário, Pierre Joseph Proudhon sobre a Economia Solidária, a Revolução Social :

"Pôr em ligação direta, qualquer que seja a distância que os separa, o produtor e o consumidor, e consequentemente... suprimir, tanto quanto possível, os intermediários.
Este resultado, observado à primeira vista, conduziu à ideia dos estaleiros...
Assim unidos, ligados entre eles pela rede de circulação, em correspondência perpétua e instantânea pelo telégrafo, estes novos instrumentos de troca, formariam um imenso mercado, único e permanente, uma bolsa continua, onde o preço dos artigos se equilibre, rodeada de todas as garantias de boa fé e de certeza, e dum movimento uniforme...
Deste modo... pelo estabelecimento dos estaleiros, todo o sistema comercial é revolucionado de alto a baixo... (Réf. à opérer, cap. V.)
A formação dum organismo especial, uma sociedade, é necessária; falta uma única resolução... é chamar a fazer parte da nova Sociedade, sem limitação de número nem de prazo, todos aqueles que, pelo seu trabalho, as suas trocas, o seu consumo, as necessidades da sua indústria, etc., estão interessados na nova instituição; noutros termos, é de tomar como comanditários da sociedade mesmo aqueles que devem vir a ser seus clientes...
A Sociedade, sendo somente um estabelecimento de comissão, de troca e de crédito, simples intermediário entre os produtores e os consumidores... agiria sempre por conta de outrem..."

l.º - A federação agrícolo-industrial

Casar a agricultura com a indústria... a causa dos camponeses é a mesma dos trabalhadores da indústria, a marianne dos campos é a contrapartida da social das cidades... Cabe à democracia industrial das grandes cidades... encontrar os pontos de ligação que existem entre ela e a democracia camponesa. (Cap. Pol., liv. I, cap. II.)
A finalidade destas federações particulares é subtrair os cidadãos... à exploração capitalista. Elas formam, no seu conjunto, em oposição à feudalidade financeira, hoje dominante, o que chamaria uma federação agrícolo-industrial...
A feudalidade financeira e industrial tem por objetivo consagrar, pela monopolização dos serviços públicos, pelo privilégio da instrução, o parcelamento do trabalho, o interesse dos capitais, a desigualdade do imposto, etc., a degradação política do povo, a escravidão económica do assalariado; numa palavra: a desigualdade de condições e de fortunas. A federação agrícolo-industrial, pelo contrário, tende a fazer atingir, cada vez mais, a igualdade através da organização, ao mais baixo preço e noutras mãos que não as do Estado, de todos os serviços... pela mutualidade do crédito e dos seguros... pela garantia do trabalho... (Princ. Féd., cap. XI.)
A pequena indústria é tão grande asneira como a pequena cultura:... é a igualdade das fortunas que é preciso procurar, não o desmenbramento industrial. A grande indústria e a grande cultura aparecem-nos devido ao grande monopólio e à grande propriedade: é preciso no futuro fazê-las nascer da associação. (Carnets, 6 de Set. de 1846.)

2.º - Os agrupamentos de consumidores

Na via em que a civilização está empenhada... , tende-se sempre para o despotismo do monopólio, e consequentemente para a opressão dos consumidores. (Contr. Écon., cap. VII.)
Se cada produto só encontrar escoamento para os produtores de espécie diferente, a garantia de mercado só pode ser obtida, em principio, por uma convenção entre os produtores e os consumidores.
Esta convenção, em geral fácil pelo lado do produtor, sobretudo quando não existe monopólio, sê-lo-á tanto mais da parte da clientela, quanto esta se encontrar formada por grupos que possam tratar, com um só homem, quer do seu consumo coletivo, quer mesmo, em certos casos, dos seus consumos individuais... (Des Réf. à opérer, cap. V.)

3.º - O sindicato geral da produção e do consumo

O que nós pedimos é uma certa solidariedade, não só abstrata, mas oficial, entre todos os produtores, entre todos os consumidores e entre os produtores e os consumidores. É a conversão em direito... das leis absolutas da ciência económica. Nós fazemos depender deste pacto a garantia do nosso bem-estar. (Solut. du Probl. Soc.)
Foi criada, desde a presente data, para este fim, uma divisão especial, sob o titulo de Sindicato geral da Produção e do Consumo. (Banque du Peuple.)
É preciso que o exército dos trabalhadores-consumidores absorva o exército capitalista. (Carnets, l.º de Outubro de 1847.)
Quando se fala de produtores,... quando se fala de consumidores... não se trata de classes de homens; trata-se de pontos de vista que se opõem... Estabelecer a Justiça na troca, regularizar a circulação, será, ao mesmo tempo, regularizar o consumo e a produção, e transformar a propriedade e o salariato. (Carnets, 6 de Março de 1847.)

4.º - A organização cooperativa dos serviços

- O comércio:
- Na fase do pormenor: um sistema ‘Leclerc’ cooperativo:

Se a igualdade no comércio fosse conseguido, um progresso novo, um progresso imenso seria realizado em direcção à igualdade das fortunas... Perseverando nessa direcção igualitária, que viria a ser, muito em breve, da hierarquia, o sistema de subordinação e de autoridade?
Nestes últimos tempos, o governo imperial tentou regulamentar o comércio de carne e de panificação, a produção de álcoois, etc. À custa de multas, conseguiu fazer respeitar as suas taxas; mas como não depende do governo marcar o preço natural das coisas, muito menos ainda eliminar do preço corrente as sobrecargas com que o parasitismo o agrava, o governo só teve êxito em constatar oficialmente que o pão estava caro, a carne caríssima, as aguardentes inacessíveis e sancionar esta carestia. O governo, que não garantiu nenhuma invenção, lembrou-se, de repente, para bem do povo, de garantir a carestia dos alimentos. Que filantropia!
No entanto, um capitalista (M. Delamarre) aproveitando uma ideia socialista, diz: não aspiro a fixar o preço das coisas; mas praticarei um comércio verídico, farei uma vida barata, não sendo, para já, completa a troca legal. Usarei de lealdade comercial, não por virtude, mas por especulação, e obterei melhores resultados...
M. Delamarre abriu um grande armazém onde oferece ao público, a preço de revenda, toda a espécie de produtos, garantidos pela natureza, quantidade, qualidade e peso. Por preço de revenda, M. Delamarre entende os encargos do produtor, que ele não discute, aumentados de l0% a saber: 5% de lucro para o produtor, 2,5% para os encargos de armazém, 2,5% para lucro dele, Delamarre. Existe, como ele próprio o diz, lealdade comercial; não há ainda igualdade, porque nos encargos do produtor e nos 10% de suplemento entram ainda, em grande número, elementos parasitas.
Que seria preciso para que a reciprocidade fosse completa ?
Seria preciso, independentemente da expurgarão absoluta do parasitismo, que o armazém geral, ou estaleiro, em vez de estar por conta dum empresário, estivesse por conta dos próprios produtores, garantindo uns aos outros lealdade e sinceridade.
A quem pode pertencer o direito de debater e fixar, conforme a hora e o lugar, o preço exacto de cada coisa, se são os produtores-consumidores, reciprocamente os interessados, quer na venda, quer na compra?
Nada mais simples que este sistema, que faria desaparecer três quartos das lojas, e ofereceria à produção uma multidão de inteligências e de braços, absorvidos num negócio inútil...
É de admitir até que, único da sua espécie, um tal estabelecimento sucumbisse, sem que o princípio, segundo o qual foi criado, seja o menos comprometido do mundo.

"É PRECISO EU REPITO, QUE UMA FORÇA MAIOR INVERTESSE AS FÓRMULAS ATUAIS DA SOCIEDADE; QUE SEJA O TRABALHO DO POVO E NÃO SUA BRAVURA OU OS SEUS SUFRÁGIOS QUE, POR UMA COMBINAÇÃO CIENTÍFICA, LEGAL, IMORTAL E INELUTÁVEL SUBMETA O CAPITAL AO POVO E LHE ENTREGUE O PODER." PIERRE JOSEPH PROUDHON, PÁG 438 FILOSOFIA DA MISÉRIA TOMO I  

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